quarta-feira, 15 de outubro de 2008

CIDADE DO FUTURO

A pior pobreza é a de espírito! Muitos se acomodaram em ganhar o peixe, não querem mais “pescar”. Também, pescar aonde? Afinal praças não têm peixe não é verdade?
A vida nas periferias padecem com a miséria. Mas para que se preocupar com a miséria alheia, se a cidade está bonita. A cidade está EMPRACIFICADA e teremos muito mais!
O povo tá desempregado, mas ninguém se importa, também para quê? Para ficar independente? E não poder ser manipulado? Estamos contentes com nossas praças! O único problema é o dinheiro. Mas é só esperar a próxima eleição pra ganhar mais uns trocados.
Há muito menino por aí, mas o problema será resolvido, logo. Teremos muitas creches, pois lugar de menino é em creche mesmo. As mães não precisam trabalhar, basta levar os meninos pra creches, e pronto.
A saúde tá uma beleza! Postos pra tudo quanto é lado, e teremos muito mais! O único problema, são os médicos que não temos. Sangue só em Irecê, cirurgias também. Caso alguém morra na estrada esburacada, não nos preocupemos, o cemitério será reformado e estará pronto para receber os restos mortais.
O povo tá sadio! A gripe será erradicada, afinal laranja tem vitamina C. Será criado o médico eletrônico, você não precisa falar nada, entrou na sala a receita tá na mão.
A cidade está limpa, calçada. O comércio dos amigos mais chegados à prefeitura, cresce cada vez mais.
Mas estamos no caminho do progresso. Pena que parece ter uma âncora a nos puxar para o tempo do atraso, o tempo dos currais eleitorais, do voto de cabresto. Em que uns dizem mamar e metem a mão no dinheiro público, outros dizem mamar também mas estes chupam o dedo.
Se alguém quer ter futuro venha para cá! Pois, aqui é a cidade do “futuro”, afinal de contas, no presente nada acontece.

2 comentários:

aeronauta disse...

Joseilton, adorei saber de suas leituras, principalmente da leitura de Genolino. Você, como sempre, um maravilhoso leitor! Saudades.

GAL disse...

Muito interessanto o seu texto, uma realidade.
É pena ter poucas pessoas críticas e com o hábito da leitura.
Parabéns. Vou publicar o seu texto no A VOZ.