sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mendigo de olhares







Vivo a mendigar olhares.
Olhares daqueles que amo,
Daqueles que admiro,
Meus olhos são como mãos que se estendem,
Em busca de esmolas.

Parecem ignorar-me,
Não percebem os olhos estendidos,
O olhar tristonho que busca o brilho de outros olhos.
Alguns buscam meu olhar,
Não consigo encará-los,
O brilho radiante de seus olhos,
Desviam meu triste olhar.

Como saciar-me, se meus olhos fogem!
O medo de ser correspondido,
Afugenta-me, me afasta,
Poda-me, me entristece.
Parece prender-me em uma bolha de tortura.
Procuro fugir e livrar-me dela,
Mas parece ser impossível.
Sou prisioneiro de meus pensamentos,
De meus desejos insaciáveis,
Das tristes lembranças, de uma vida passada,
Das recordações lamentáveis, de um tempo tumultuado.

Quero encontrar olhos,
Olhos que brilham,
Olhos que me acolham,
Que me aceitem.
Olhos amorosos,
Olhos que falam,
Que respeitam.
Olhos que me levem para longe,
Além da curva do tempo,
Além da encruzilhada da paixão,
Dos amores perdidos,
Dos sonhos esquecidos,
Das esperanças acabadas.

Um lugar, onde olhos se comunicam,
Onde olhares se cruzam.
Um lugar onde tudo pode ser olhado,
Apesar de não ser visível.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A EXISTÊNCIA


Vivemos para a morte,
Tudo passa, nada é eterno.
O peso dos anos, curvam teu corpo
Embranquece seus cabelos.
O tempo não tem piedade,
Nos faz amolecer,
O corpo fica flácido,
Músculos descasam uns sobre os outros,
As rugas parecem a terra ressequida,
Que se racha com as chamas ardentes.
O tempo parece nos comer, nos consumir.
A inocência da infância ficou para trás,
Nos tornamos impuros,
O mundo nos corrompeu
Ou será nós que corrompemos o mundo?

A força da juventude se foi,
Os desejos da mocidade já não são os mesmos.
O tempo se esvai, nos aproximamos do fim.

Eis a vida:
Passamos pela fragilidade do berço,
Pela descoberta do mundo,
Pelo tumulto da responsabilidade,
Pelas lembranças e experiências acumuladas,
Para chegarmos tranqüilos e cansados,
Ao sono eterno, para deitarmos em cama escura e fria,
Que nos consumirá, transformando-nos em pó.