Hoje após refletir sobre
algumas palavras duras que te falei, repensei meu comportamento. Porque ao
invés de ficar relatando dores, pequenas falhas suas, deixar-me tomar por um
medo bobo não rememoro nossos bons momentos? Porque não eternizo nestas palavras
nossa história de amor? Nossa vida entrelaçada, todo o bem que me fez, a
mudança que proporcionou em minha vida? Pois é meu amor, não quero te fazer
chorar com palavras mal colocadas, quero te fazer sorrir com nós, com a gente,
bem juntinhos, bem felizes.
A busca pelo amor verdadeiro
sempre me moveu por esse mundo e me fez cicatrizes que até hoje latejam. A
solidão era minha companheira. Como sonhava em encontrar que me completasse por
inteiro. O vento frio das madrugadas doía em minha alma, martelava meu juízo e
nos caminhos remotos, seguidos diariamente, junto com meu pai e meu irmão para
tirar leite na fazenda de Castelo, eu sonhava com o dia em que meu grande amor
me encontraria e retiraria dessa solidão.
Outros romances surgiram ao
longo da estrada, mas tenha certeza que eu trocaria todos eles por esse que
vivo agora. Relembrar um pouco do passado nos causa uma certa dor, mas nos faz
refletir como é viver o hoje e está ao teu lado. A metade da minha laranja era
o que eu queria! “Um amor tranquilo com sabor de fruta mordida!” Cazuza me
acompanhou por uma época, era a trilha sonora de uma história que não tinha
hora certa para começar.
Lembro-me quando te vi pela
primeira vez. Na Ponta da Ilha, na porta da casa de Elisangela, minha afilhada
e sua provável madrinha lembra? Quando olhei para você disse logo para Lee: “Rum,
esse é do babado”. O tempo passou e até que em um belo dia você falou comigo
pela primeira vez. De camisa verde desbotada e um short branco, você se
aproximou e me perguntou: “Jó, como faço para entrar no Ministério?”. Respondi
que estávamos abrindo o processo seletivo e que você poderia se inscrever. Mais
um tempinho passou, rolou o processo e você se torou membro do MT. O destino
nos aproximava.
Não sei exatamente quando me
apaixonei, mas lembro-me que todas as noites eu rogava aos céus que um dia
seríamos namorados. Eu com minha timidez nunca soube como me aproximar e falar
de meus sentimentos. A única coisa que eu fazia era ficar te olhando o tempo
todo, nos encontros do grupo, nos ensaios. Eu tinha essa certeza em meu coração
que você era o sonho lindo que sempre sonhei. Eu precisava tomar uma atitude. Comecei
te enviar mensagens no celular e sempre terminava dizendo: beijos, boa noite
gatinho!
Um dia quase morri de emoção
do nada você me ligou e perguntou para onde eu iria, não sei ao certo. Achei
lindo. Em devaneio comecei a pensar ele me ama também! Uma alegria inestimável tomava
conta de mim. Mas logo me aquietei, nada aconteceu. E o tempo passando, e os
meus olhos sempre te admirando. Você até então não tinha dado nenhum sinal de
interesse. E eu continuava a sonhar com nós dois. Fomos para uma viagem da PJ
em Oliveira dos Brejinhos. Eu já fazia mil planos. Ao chegar em Brejinhos no
momento da distribuição das hospedagens a mocinha perguntou dois homens para a
casa de fulana. Eu imediatamente gritei “Eu e Hugo”. Minha cabeça estava a mil,
seria essa a oportunidade de me declarar.
Nessa época acho que você
estava com Carol, não lembro. Sei que não tive coragem de dizer uma palavra. Passei
a noite te olhando dormir na cama ao lado. No dia seguinte, preparávamos para
sair e você começou a fazer algo bem estranho, começou a passar creme de pele
até as coxas. Fiquei oxe! Porque ele está fazendo isso? Fui saber tempo depois
que você estava tentando me seduzir! Rimos horrores dessa história.
O encontro em Brejinhos
acabou e nada. Retornei com raiva de mim mesmo. Me culpando porque não falei
logo o que eu sentia. Começamos os ensaios do Miradouro. A peça estreou e ai me
sentir ameaçado. Uns gaviões estavam de olho em você e chegaram a apostar quem
pegaria você primeiro. Fiquei doido. “Meu Deus, querem pegar meu preto. Não vou
permitir”. Quem me falou isso foi o finado Itamar, Deus que te chame lá. Mas não
desisti de você. Comecei uma nova empreitada via facebook. Eu precisava ganhar
sua confiança.
Comecei a conversar sobre
isso. Fiz várias perguntas sobre você e falei da bendita aposta. Fomos conversando,
você foi se abrindo me falando de seus problemas, de uma loucura que pensou em
fazer. Fiquei desesperado. Comecei a te dar vários conselhos, e fui percebendo
que você confiava em mim. Continuei puxando assunto até que chegamos que
revelei que eu era gay e daí fui muito devagar tentando falar de meu
sentimento. Aos poucos fomos nos entregando e só ai soubemos que estávamos apaixonados
um pelo outro. Marcamos um encontro, mas ai é outra história.
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