terça-feira, 7 de abril de 2015

Nossa História




Hoje após refletir sobre algumas palavras duras que te falei, repensei meu comportamento. Porque ao invés de ficar relatando dores, pequenas falhas suas, deixar-me tomar por um medo bobo não rememoro nossos bons momentos? Porque não eternizo nestas palavras nossa história de amor? Nossa vida entrelaçada, todo o bem que me fez, a mudança que proporcionou em minha vida? Pois é meu amor, não quero te fazer chorar com palavras mal colocadas, quero te fazer sorrir com nós, com a gente, bem juntinhos, bem felizes.
A busca pelo amor verdadeiro sempre me moveu por esse mundo e me fez cicatrizes que até hoje latejam. A solidão era minha companheira. Como sonhava em encontrar que me completasse por inteiro. O vento frio das madrugadas doía em minha alma, martelava meu juízo e nos caminhos remotos, seguidos diariamente, junto com meu pai e meu irmão para tirar leite na fazenda de Castelo, eu sonhava com o dia em que meu grande amor me encontraria e retiraria dessa solidão.
Outros romances surgiram ao longo da estrada, mas tenha certeza que eu trocaria todos eles por esse que vivo agora. Relembrar um pouco do passado nos causa uma certa dor, mas nos faz refletir como é viver o hoje e está ao teu lado. A metade da minha laranja era o que eu queria! “Um amor tranquilo com sabor de fruta mordida!” Cazuza me acompanhou por uma época, era a trilha sonora de uma história que não tinha hora certa para começar.
Lembro-me quando te vi pela primeira vez. Na Ponta da Ilha, na porta da casa de Elisangela, minha afilhada e sua provável madrinha lembra? Quando olhei para você disse logo para Lee: “Rum, esse é do babado”. O tempo passou e até que em um belo dia você falou comigo pela primeira vez. De camisa verde desbotada e um short branco, você se aproximou e me perguntou: “Jó, como faço para entrar no Ministério?”. Respondi que estávamos abrindo o processo seletivo e que você poderia se inscrever. Mais um tempinho passou, rolou o processo e você se torou membro do MT. O destino nos aproximava.
Não sei exatamente quando me apaixonei, mas lembro-me que todas as noites eu rogava aos céus que um dia seríamos namorados. Eu com minha timidez nunca soube como me aproximar e falar de meus sentimentos. A única coisa que eu fazia era ficar te olhando o tempo todo, nos encontros do grupo, nos ensaios. Eu tinha essa certeza em meu coração que você era o sonho lindo que sempre sonhei. Eu precisava tomar uma atitude. Comecei te enviar mensagens no celular e sempre terminava dizendo: beijos, boa noite gatinho!
Um dia quase morri de emoção do nada você me ligou e perguntou para onde eu iria, não sei ao certo. Achei lindo. Em devaneio comecei a pensar ele me ama também! Uma alegria inestimável tomava conta de mim. Mas logo me aquietei, nada aconteceu. E o tempo passando, e os meus olhos sempre te admirando. Você até então não tinha dado nenhum sinal de interesse. E eu continuava a sonhar com nós dois. Fomos para uma viagem da PJ em Oliveira dos Brejinhos. Eu já fazia mil planos. Ao chegar em Brejinhos no momento da distribuição das hospedagens a mocinha perguntou dois homens para a casa de fulana. Eu imediatamente gritei “Eu e Hugo”. Minha cabeça estava a mil, seria essa a oportunidade de me declarar.
Nessa época acho que você estava com Carol, não lembro. Sei que não tive coragem de dizer uma palavra. Passei a noite te olhando dormir na cama ao lado. No dia seguinte, preparávamos para sair e você começou a fazer algo bem estranho, começou a passar creme de pele até as coxas. Fiquei oxe! Porque ele está fazendo isso? Fui saber tempo depois que você estava tentando me seduzir! Rimos horrores dessa história.
O encontro em Brejinhos acabou e nada. Retornei com raiva de mim mesmo. Me culpando porque não falei logo o que eu sentia. Começamos os ensaios do Miradouro. A peça estreou e ai me sentir ameaçado. Uns gaviões estavam de olho em você e chegaram a apostar quem pegaria você primeiro. Fiquei doido. “Meu Deus, querem pegar meu preto. Não vou permitir”. Quem me falou isso foi o finado Itamar, Deus que te chame lá. Mas não desisti de você. Comecei uma nova empreitada via facebook. Eu precisava ganhar sua confiança.
Comecei a conversar sobre isso. Fiz várias perguntas sobre você e falei da bendita aposta. Fomos conversando, você foi se abrindo me falando de seus problemas, de uma loucura que pensou em fazer. Fiquei desesperado. Comecei a te dar vários conselhos, e fui percebendo que você confiava em mim. Continuei puxando assunto até que chegamos que revelei que eu era gay e daí fui muito devagar tentando falar de meu sentimento. Aos poucos fomos nos entregando e só ai soubemos que estávamos apaixonados um pelo outro. Marcamos um encontro, mas ai é outra história.

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