quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Santas Águas


Acordar com a pele levemente arrepiada, pelo frescor da chuva de ontem, é extremamente prazeroso. Há muito tempo não tínhamos o prazer de ser agraciados pelas águas celestiais. O sol escaldante de cada dia castigava a todos. A terra rachada se esfarelava e virava pó. A vegetação ressequida compunha um cenário de seca e aridez ao lado de animais magros, desnutridos. Homens, mulheres e crianças parecem se arrastar sobre a terra seca. Suas peles ganham uma cor acinzentada pelo toque da pó que vem da terra. A esperança é devolvida quando as primeiras nuvens se formam no horizonte e trazem em si a expectativa de dias frescos. Com o cair da chuva a terra se alegra e se torna fértil novamente. As pastagens crescem, as árvores se renovam. Os viventes se contentam com a volta da vida. Os homens sorriem e celebram a grande festa da esperança de que viver no sertão é possível, pois Deus o todo poderoso nos presenteia sempre que pode com as Santas Águas Milagrosas, que caem do céu  e vão de encontro com a tristeza seca de nosso chão. 

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