Ontem fiquei refletindo, sobre um antigo trauma meu: meus cabelos. Não é de agora que sofro com as madeixas. Quando pequeno tinha um cabelo liso, escorrido; coisa linda aquele cabelo solto embalado pelo vento. Nunca gostei de cortá-lo. Primeiro porque meu pai me levava sempre na casa de meu avó, que além de fazer belíssimas colheres de pau, cortava os cabelos dos netos. E lá onde meu avó morava, em povoado aqui perto, tinha um bando de parente que eu não gostava. Achava eles muito tontos. Um povo totalmente implicante, um tio cheio de ousadia, uns primos bobos. Era sempre uma tortura: "Vamos cortar o cabelo hoje?" Eu ia contra minha vontade, mas ia. Com o passar do tempo, não sei se mãe percebeu meu sofrimento, resolveu me levar em um novo cabeleireiro. Que foi aquilo meu Deus? Aquele corte mudaria minha vida pra sempre. Meu finos fios, engrossaram depois desse corte. O cabelo que tenho hoje nem sempre foi meu. Aos poucos tento me acostumar. Não é nada fácil! quando deixo crescer ouço piadas, quando corto tem sempre os idiotas que perguntam: cortou o cabelo? O que responder pra esse povo? É melhor respirar fundo e silenciar-se. Aos poucos percebo que meu cabelo incomoda as pessoas. Não quero agradar ninguém. Quando quero deixar o cabelo crescer eu deixo, quando quero cortar corto. Esse último corte foi uma fuga. Eu poderia ter cortado outras partes do corpo como os pulsos ou até mesmo o pescoço, mas preferir cortar o cabelo. além de não doer ele crescerá de novo. E assim vou vivendo esse trauma, cortar ou não cortar? Depende da minha vontade...
Nenhum comentário:
Postar um comentário